
A Preparação Mental Como Treino Coadjuvante Para O Ganho De Força Em Praticantes De Musculação
Introdução: (Parte 1) A Preparação Mental Como Treino Para O Ganho De Força
A Psicologia Do Esporte
Capitulo 2
A julgar pelo título deste capítulo que se pretende discorrer sobre a psicologia do esporte aplicável ao treinamento de força, se faz necessário que se conceitue inicialmente o que vem a ser o treinamento de força, para que em sequência definindo-se também a psicologia do esporte, se apresente uma análise pertinente à sua correlação.
2.1 O Treinamento De Força
O termo “treinamento” é muito complexo, sendo o mesmo empregado nas mais variadas áreas científicas e profissionais. No entanto, no que é condizente ao “treinamento físico” caracteriza-se como sendo um processo repetitivo e sistemático que integra exercícios progressivos no intuito de se promover o aperfeiçoamento do desempenho.
Entre as definições conceituais do treinamento físico citam-se as seguintes.
O treinamento físico pode ser compreendido como um processo organizado e sistemático de aperfeiçoamento físico, nos seus aspectos morfológicos e funcionais, impactando diretamente sobre a capacidade de execução de tarefas que envolvam demandas motoras, sejam elas esportivas ou não (BARBANTI, TRICOLI & UGRINOWITSCH, 2004).

Frente a esta citação, entende-se que o treinamento físico é composto por um processo de ações complexas, que se planejadas e orientadas, conduzem a um melhor desempenho esportivo, se fazendo possível em situações de comprovação, especialmente na competição esportiva.
Vale assim, a seguinte citação:
O treinamento, já aceito há algum tempo como ciência, tem sua posição científica reforçada com referências consideradas essenciais para todos os que buscam o alto rendimento atlético (TUBINO, 1984).
Com referência ao “treinamento de força”, denominado popularmente por musculação e que se origina como tradução adequada da palavra fitness advinda do idioma Inglês – cuja tradução literal indica as possibilidades para: ginástica, boa condição física, aptidão e/ou capacidade-, seguindo-se as modulações para sua definição, Guimarães (2005) ressalta que se trata da “prática de uma atividade física de alta intensidade, onde normalmente são executados alguns exercícios anaeróbicos visando à obtenção de uma construção muscular e sua(s) definição(s)”.
Neste contexto, Guedes; Souza e Rocha (2006) complementam que a musculação define a execução de movimentos biomecânicos que estão localizados em segmentos musculares definidos, dados pela utilização de sobrecarga externa ou até mesmo pelo peso do próprio corpo, configurando-se como um exercício contra resistência, tendo como principal capacidade física motora treinada, a força.
Em continuidade, Guimarães (2005) pontua que a musculação compreende um trabalho de precisão, onde cada detalhe é importante, e que está adequado à outros aspectos de extrema importância que dizem respeito à condução de hábitos comportamentais, entre os quais tem-se: alimentação, descanso apropriado, intensidade de treino, entre outros, determinados de acordo com a biologia de cada indivíduo, além do genótipo e fenótipo.
No seu aspecto histórico, devidamente mencionado na introdução deste estudo, verifica-se que o treinamento da força é uma prática antiga, já se fazendo presente nos tempos primórdios, quando os homens tinham que aprimorar suas forças para enfrentamento de caças e batalhas que garantiam suas próprias subexistências (SABA, 2001).
Sob este contexto episódico, este autor acima referenciado, ressalva que exercícios de fortalecimento muscular advêm de períodos com mais de 4.500 anos demonstrados nas estruturas de capelas mortuárias do Egito, através de figuras que representam homens realizando exercícios com pesos. Saba (2001) também informa a existência de escavações que trouxeram à tona tipos de pedras que denotam formas de pegadas para as mãos, sinalizando-se assim, a presença da atividade de musculação, comprovando, portanto, a existência da atividade da musculação ao longo da história humana, configurando-se em um hábito necessário, saudável e benéfico.
Apesar do treinamento da força ser uma pratica antiga como visto, Barbanti; Tricoli; Ugrinowitsch (2004) destacam que “seu corpo de conhecimento é relativamente recente”, cujos estudos se iniciaram em meados iniciais do século XX, quando treinadores e curiosos no tema, começaram a reunir e sistematizar suas experiências, buscando respostas ao processo de melhoramento do rendimento esportivo, o que conduziu a estruturação da Teoria do Treinamento ou Metodologia do Treinamento.

Para Böhme (2003) a Teoria ou Metodologia do Treinamento “combina um conjunto de ações complexas que atua em todas as características relevantes do desempenho esportivo”. Assim, pode ser definida como um processo de ações planejadas que se inter-relacionam com componentes como: objetivos, métodos, conteúdos, organização e realização. Para tanto, segundo este autor considera os conhecimentos científicos e experiências práticas do treinamento esportivo, que incluem o controle e a avaliação antes, durante e após sua realização buscando resultados satisfatórios aos objetivos propostos.
Weineck (1999) afirma que estas ações orientadas dentro do treinamento da força são responsáveis para que se alcancem os objetivos almejados, e visando otimizar o processo os estímulos da carga devem ser apropriados, fazendo-se necessário o conhecimento dos componentes da carga que dizem respeito aos seguintes fatores: a) volume que indica a duração e quantidade de estímulos por unidade de treinamento; b) a intensidade pertinente a força aplicada à cada um dos estímulos que corresponde à porcentagem do desempenho máximo; c) a densidade condizente a relação temporal entre as fases de carga e de recuperação; d) a duração que determina o tempo de influxo de um estímulo isolado e de uma série de estímulos; e por fim, e) a frequência, que segundo o mesmo autor, é pertinente ao número das unidades de treinamento praticadas (dia/semana) (WEINECK, 1999).
Consideradas as orientações de autores como Barbanti (2005); Guedes; Souza e Rocha (2006); entre outros tantos literários pontuados neste trabalho, ressalta-se em adição, a importância de que se conheçam a particularidade de cada componente de carga mencionado por Weineck (1999), para que estes possam ser relacionados entre si na busca de uma melhor perfomance. Inserido neste contexto, os autores mencionam que as características de cada carga levam em conta fatores como genótipo que caracteriza os potenciais, a predisposição e a aptidão de cada indivíduo, e o fenótipo que corresponde às habilidades passíveis de incorporação por meio do treino adequado (WEINECK, 1999; GUIMARÃES, 2005; BARBANTI, 2005; GUEDES; SOUZA e ROCHA, 2006).
No que compete as definições de aptidão e habilidade, Chiesa (2004) as define da seguinte forma:
1) Aptidão: potencialidades ou qualidades inatas do homem, expressas de forma contínua através da predisposição e do talento. O autor em questão, exemplifica a aptidão máxima que é tangente à força muscular, a resistência cardiovascular, a flexibilidade e velocidade, entre outras;
2) Habilidade: caracteriza-se como elemento adquirido ou aprendido no decorrer da vida, como é o caso das brincadeiras físicas e dos esportes, que necessitam ser transmitidos através de técnica, treinos e continuidade (CHIESA, 2004).
Para Tubino (1984) os cinco princípios do Treinamento Esportivo são:
- o Princípio da Individualidade Biológica
- o Princípio da Adaptação
- o Princípio da Sobrecarga
- o Princípio da Continuidade/Reversibilidade
- o Princípio da Interdependência Volume-Intensidade
- o Princípio da Especificidade dos Movimentos
Os quais se inter-relacionam entre si, como afirmam também, os demais literários referenciados ao longo desta pesquisa.

A musculação, como atividade completa, trabalha todas as habilidades motoras que são
classificadas em: a) motoras fechadas relativas àquelas que se apresentam em ambientes previsíveis através de movimentos estabelecidos, e b) motoras abertas que por sua vez, se apresentam em ambientes imprevisíveis sofrendo modificação no decorrer de sua execução (BARBANTI, 2005).
Adicionalmente à precisão dos movimentos, Barbanti (2005) menciona que as habilidades motoras, sejam elas, fechadas ou abertas se subclassificam em: 1) motora discreta que tem começo, e fim determinados; 2) motora seriada composta por habilidades divergentes executadas de forma integrada; e 3) motora contínua onde os pontos iniciais e finais são determinados pelo ambiente.
Em conformidade com os estudiosos, as capacidades físicas sofrem influência genética, portanto, são subjetivas, além de se comportarem de acordo com as posturas de cada indivíduo, o que permite afirmar-se que seu desenvolvimento advém das experiências cotidianas e do treinamento, sendo classificadas em: força, velocidade, resistência, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, ritmo e coordenação motora, a qual é a responsável por sustentar as demais (SABA, 2001; CHIESA, 2004; BARBANTI, 2005; GUIMARÃES, 2005; GUEDES; SOUZA e ROCHA, 2006).
Há ainda que se dissertar mais enfaticamente sobre o treinamento da força propriamente dito – tema deste trabalho, que segundo Flerck; Kraemer (1999) em uma aula planejada evidencia:
a) Força Pura que requer de 85% a 95% da força máxima, podendo ser praticada entre 1 a 5 repetições;
b) Força Máxima dada em apenas 1 repetição;
c) Força Dinâmica usada para ganho de massa muscular com variações entre 6 e 12 repetições com índices aproximados entre 70 a 85% da força máxima;
d) Força Explosiva que se utiliza de cerca de 30% a 60% desta força máxima, em repetições entre 8 a 15 para ganho de velocidade;
e) Rml – resistência muscular localizada equivale a um trabalho da orça máxima de 40% a 60%, em repetições de 15 a 50 vezes, buscando-se a melhoria das resistências aeróbia e anaeróbia;
f) Endurance que em paralelo é também praticada para a melhoria da resistência aeróbia, contudo a nível muscular, com variações de 35% a 40% da força máxima aplicada, e
g) Isométrica requerida ao se trabalhar a força em um determinado ângulo, usando-se de 50% a 70% de sua capacidade máxima.

Quanto aos seus benefícios, as referencias bibliográficas que embasam este estudo, ressaltam que além da construção ósseomuscular, o treinamento de força corrobora no controle de complicações metabólicas associadas com a obesidade e todas as suas consequências, o que favorece a minimização dos índices de morbidade e mortalidade que a colocam como um dos principais fatores de risco à saúde humana, reduzindo em adição, a incidência de diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial (HALPERN; GODAY, 1998; SABA, 2001; BARBANTI, 2005; outros).
Estes benefícios apontados acima ocorrem frente à construção de uma massa muscular mais densa dada por um maior gasto energético, aumentando o tecido captador de glicose, mesmo em repouso, sendo inclusive capazes de proporcionar certo ganho de massa muscular durante o treinamento de um indivíduo obeso, haja vista, que os exercícios de alta intensidade necessitam de um gasto calórico maior, o que eleva a taxa metabólica de repouso por um tempo também maior quando em comparação aos exercícios de intensidade moderada (CAMPUS, 2001; HALPERN; GODAY, 1998; FLERCK; KRAEMER, 1999; outros). Incluem-se nestes benefícios, segundo Campus (2001) o controle ponderal concernente à hipertrofia muscular e a diminuição do G%.
Encerram-se os conceitos do treinamento de força, com a visão de Paixão (2012), que enfatiza que o mesmo “deve ser parte de um estilo de vida que desenvolva o condicionamento físico em caráter permanente”. Desta forma, para que os resultados satisfatórios do treinamento da força se façam palpáveis se faz necessária contínua reavaliação dos objetivos e do planejamento do programa, o que exige do treinador também conhecimentos quanto à psicologia do esporte que desenvolve a parte mental do praticante.
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